Moderado por Manuel Vilas-Boas (TSF), este 4º Colóquio 2007/2008 pretendeu perspectivar o presente da relação entre os mass media e o fenómeno religioso - particularmente o Cristianismo - em Portugal. O primeiro interveniente, José António Santos (Agência Lusa), reflectiu sobre esta questão no âmbito específico da actividade de uma agência de notícias. Da sua comunicação constou uma apreciação estatística da informação veiculada entre Maio e Dezembro últimos, da qual se pôde concluir que 0,9% da mesma se reportou a matéria religiosa, a longa distância das temáticas mais noticiadas, relativas aos domínios político (27%) e económico (17%), configurando mesmo um dos aspectos da agenda noticiosa menos abordados.
Francisco Sarsfield Cabral (Rádio Renascença) começou por caracterizar o actual quadro mediático como o de uma realidade em profunda mudança, no qual se destaca a crise da imprensa e a adaptação de alguns dos seus títulos ao meio virtual. Reportou-se, de seguida, à dificuldade e morosidade que as instituições religiosas portuguesas, em particular a Igreja Católica (mas também outras instituições tradicionais, como as forças armadas, ou as corporações profissionais), apresentaram e apresentam ainda na adaptação ao novo contexto de comunicação, caracterizado pela quasi-instantaneidade. Segundo este interveniente, a necessária aposta na formação de interlocutores nessas instituições deveria corresponder, do lado dos media, ao investimento na especialização dos profissionais de comunicação. Sobre media de inspiração confessional em Portugal, considerou condição indispensável para o seu sucesso o abandono de um discurso apologético e propagandístico, em favor da produção de informação rigorosa, criada por profissionais reconhecidos.
Paulo Rocha (Agência Ecclesia/Programa Ecclesia) caracterizou a abordagem televisiva ao fenómeno religioso como tradutora da pluralidade hoje vivida em Portugal: no canal público têm expressão (em programa dedicado) 14 confissões. Não obstante, considerou clara a hegemonia do catolicismo na mesma, em reflexo da realidade sociológica. Estando a Igreja Católica ligada ao próprio nascimento da RTP, lamentou não ter sido o seu contributo reportado nas celebrações do seu cinquentenário, rememorando de seguida alguns dos seus principais marcos na programação do canal. Fora do âmbito estrito do serviço público, considerou ser a actualidade religiosa perspectivada pelas estações televisivas como atractiva quando veiculada com enfoque no valor emocional das narrativas apresentadas, e não propriamente pelas características que lhe são intrínsecas. Em sua opinião, a presença de jornalistas de diferentes confissões nas redacções dos diversos media é o melhor meio de assegurar a investigação e transmissão de informação religiosa com qualidade.
Para António Marujo (Jornal Público), a actualidade do religioso faz-se do seu cruzamento com inúmeros outros domínios do real. Persistem, contudo, problemas de desconhecimento, preconceito e linguagem na relação daquele fenómeno com os media, nomeadamente com a imprensa. Por um lado, as religiões manifestam medo do imediato, ignorando frequentemente a oportunidade de comunicar em tempo mediaticamente útil; por outro, os profissionais de comunicação, dotados de formação cada vez mais generalista, desconhecem amiúde a mundividência e orgânica das instituições religiosas, transmitindo informação pouco rigorosa. O mútuo preconceito tem, pois, obviado à informação acerca tais realidades.
Seguiu-se um breve período de discussão, onde foram debatidas questões em torno da reserva eclesiástica na relação com a comunicação social, da intercomunicabilidade no seio do catolicismo, e da viabilidade de um título semanal católico português.
Para António Marujo (Jornal Público), a actualidade do religioso faz-se do seu cruzamento com inúmeros outros domínios do real. Persistem, contudo, problemas de desconhecimento, preconceito e linguagem na relação daquele fenómeno com os media, nomeadamente com a imprensa. Por um lado, as religiões manifestam medo do imediato, ignorando frequentemente a oportunidade de comunicar em tempo mediaticamente útil; por outro, os profissionais de comunicação, dotados de formação cada vez mais generalista, desconhecem amiúde a mundividência e orgânica das instituições religiosas, transmitindo informação pouco rigorosa. O mútuo preconceito tem, pois, obviado à informação acerca tais realidades.
Seguiu-se um breve período de discussão, onde foram debatidas questões em torno da reserva eclesiástica na relação com a comunicação social, da intercomunicabilidade no seio do catolicismo, e da viabilidade de um título semanal católico português.
Outros ecos do colóquio: Agência Ecclesia.
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