O CRC é um espaço de diálogo entre cristãos de diferentes sensibilidades, e entre cristãos e não cristãos.

Encontro de Sócios e Amigos, 2015 - Mensagem de Guilherme d'Oliveira Martins


[continuação]


A fraternidade não é uma palavra abstrata, obriga a um sentido de compreensão dos outros, da diversidade, da globalização, da paz, do combate contra a exclusão e a corrupção, abrangendo todos os domínios da vida. De facto, a fraternidade é o fundamento e o caminho para a Paz. Daí termos de contrariar o cinismo e o ceticismo, que muitos cultivam. Não podemos entender a injustiça como uma fatalidade. A globalização torna-nos vizinhos, mas não irmãos – daí que ao invés da mundialização da indiferença, devamos propor a vocação da fraternidade, respondendo à pergunta: «Onde está o teu irmão?». Temos de recusar a economia de exclusão (cf. Evangelii Gaudium, 53), do mesmo modo que não podemos aceitar a idolatria do dinheiro, uma vez que «a adoração do antigo bezerro de ouro encontrou uma nova e cruel versão no fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano» (55). A «crise mundial, que acomete as finanças e a economia, põe a descoberto os seus próprios desequilíbrios e sobretudo a grave carência de uma orientação antropológica que reduz o ser humano apenas a uma das suas necessidades: o consumo». A especulação e o mercado divinizado esquecem as pessoas. O dinheiro não pode governar em vez de servir (57 e ss.) e não devemos esquecer que a injustiça gera violência. «O Senhor recorda-nos (diz ainda o Papa) que nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. E isto dá-nos força, ajuda-nos na luta contra a mentalidade mundana, que abaixa o homem ao nível das necessidades primárias, fazendo-o perder a fome daquilo que é verdadeiro, bom e belo; a fome de Deus e do seu amor. Daí devermos desfazer-nos dos ídolos, das coisas vãs e construir a nossa vida sobre o essencial». Quando tanto se fala de saídas para a crise, percebamos as raízes desta – mais do que correr atrás do imediato, precisamos de saber lançar as redes ao mar. E, como afirma D. Manuel, Patriarca de Lisboa: «É por nós que a amizade de Cristo chegará aos outros, nos quais Ele nos espera». Eis um programa bem atual e pertinente para o CRC…

Guilherme d’Oliveira Martins 

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