O CRC é um espaço de diálogo entre cristãos de diferentes sensibilidades, e entre cristãos e não cristãos.

27 de abril de 2004

A renovação do CRC

Centro de Reflexão Cristã renova-se e acentua diálogo inter-religioso e com não-cristãos

Guilherme d’Oliveira Martins novo presidente

Revista do Centro pode integrar redes internacionais

António Marujo, Público

Um novo Centro de Reflexão Cristã (CRC), com menos preocupações teológicas e mais centrado na “afirmação do lugar do cristão na sociedade moderna” e na promoção do “diálogo cívico e inter-religioso” – essas são as ideias principais de Guilherme d’Oliveira Martins, deputado e ex-ministro da Educação no Governo do PS, novo presidente do CRC, apostado na renovação desta organização.
Nascido no rescaldo do 25 de Abril de 1974, juntando na sua fundação católicos e protestantes e com uma acentuada vocação de dinamizar a reflexão cultural e teológica, o CRC impôs-se, ao longo destas quase três décadas, como um lugar de encontro de diferentes sensibilidades cívicas e religiosas. Mas, nos últimos anos, vários dos fundadores lançaram-se em outras iniciativas e o CRC acabou por se reduzir à organização de conferências.
A nova direcção, liderada por Guilherme d’Oliveira Martins, pretende que a actividade do centro se alargue também à promoção de estudos e inquéritos, de modo a compreender “novas realidades urbanas e fenómenos como a exclusão, a diversidade cultural ou a imigração”.
Em declarações ao PÚBLICO, o novo presidente diz que se trata de uma “estratégia de renovação: este é um novo tempo, que exige novas respostas”. Mas a nova direcção pretende “estabilizar a vocação do CRC” e fazer da instituição um lugar de diálogo entre cristãos e não-cristãos. Por isso, a primeira iniciativa que pretende ter algum impacto é a organização de um ciclo de debates sobre os pecados sociais e os sinais de esperança na sociedade portuguesa, propostos pelos bispos na última carta pastoral, de Setembro de 2003.
“Pretendemos não só analisar a situação, mas também apontar caminhos de solução para os problemas”, diz Oliveira Martins. Também nesse sentido, o presidente do centro diz pretender ir ao encontro de jovens universitários, no que respeita à sua participação nos estudos sobre as novas realidades urbanas.

A preocupação de complementaridade com outras organizações está também nos objectivos da nova direcção. Bem como o diálogo ecuménico e inter-religioso: o CRC foi pioneiro no diálogo inter-religioso em Portugal, recorda Oliveira Martins, e agora o centro quer voltar a “lançar pontes com outras confissões cristãs e outras religiões não cristãs”.
“Muitos debates que actualmente atravessam a Europa –como o caso do véu islâmico, em França – passam pelo diálogo inter-religioso”, afirma o presidente do CRC. “Esse é o único modo de contrariar formas radicais de fundamentalismo”, acrescenta.

Também a revista “Reflexão Cristã”, que foi pioneira na produção de uma reflexão cultural e teológica católica no pós-25 de Abril, será renovada, de modo a fazer dela um espaço de debate “aberto e plural”. A publicação do CRC irá integrar redes internacionais (Europa, Brasil, América Latina) de revistas especializadas, podendo mesmo vir a publicar, para Portugal, exclusivos de revistas como as francesas “Esprit” ou “Études”.

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